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Os Três Mal-Amados (João Cabral de Melo Neto - 1943)

O amor comeu meu nome, minha identidade, meu retrato. O amor comeu minha certidão de idade, minha genealogia, meu endereço. O amor comeu meus cartões de visita. O amor veio e comeu todos os papéis onde eu escrevera meu nome. O amor comeu minhas roupas, meus lenços, minhas camisas. O amor comeu metros e metros de gravatas. O amor comeu a medida de meus ternos, o número de meus sapatos, o tamanho de meus chapéus. O amor comeu minha altura, meu peso, a cor de meus olhos e de meus cabelos. O amor comeu meus remédios, minhas receitas médicas, minhas dietas. Comeu minhas aspirinas, minhas ondas-curtas, meus raios-X. Comeu meus testes mentais, meus exames de urina. O amor comeu na estante todos os meus livros de poesia. Comeu em meus livros de prosa as citações em verso. Comeu no dicionário as palavras que poderiam se juntar em versos. Faminto, o amor devorou os utensílios de meu uso: pente, navalha, escovas, tesouras de unhas, canivete. Faminto ainda, o amor devorou o uso de meus utensílios:...

Sábado, 14 de fevereiro de 2015

Apagam-se as conversas, as fotos...mas é difícil apagar as lembranças e aplacar os sentimentos. As conversas de meses com o JPN, ainda estão no meu celular. Atravancando meu caminho e ocupando espaço. Eu confesso que sinto muita falta dele, sta semana sonhei com ele...me dói saber que ele está feliz com outra pessoa. Me dói pensar que ele pode não sentir minha falta. Me dói não ter com quem conversar antes de dormir ou dar"bom dia" de manhã. Aceitar que tudo tem um fim é difícil, mas tenho plena consciência que é o melhor a se fazer. Aceitar e seguir em frente. Não gosto da sensação de um coração vazio. Quero alguém para abraçar depois de um dia cansativo, alguém que me escute, que se preocupe comigo novamente. E tenho pressa. Este é o maior problema deste meu "coração", tentar preencher o vazio o mais rápido possível. Esquecendo, ignorando na verdade, que as "coisas do coração" não acontecem dessa forma.

Saudade é constante na minha vida

Hoje chorei de saudade. Saudade da minha amada mãe. Chorei como há algum tempo não fazia. A solidão e a saudade tomaram conta do meu peito. Eu chorei, com aquela dor, aquela saudade que lateja sem nunca poder ser sanada. Saudade é uma constante na minha vida.

Para J.P.N

Está marcado no meu calendário e como lembrete no meu celular, o dia 16 de fevereiro, quando você faz aniversário, que por coincidência do destino é o dia em que nos conhecemos. Sinto falta de você...mas sinto mais daqueles momentos, aqueles ótimos momentos. As nítidas memórias de nós dois juntos, abraçados, no sofá, na cama, rindo na cozinha, nas festas e nos happy hours da universidade. Ah, a universidade! Quantas coisas fizemos naqueles anfiteatros. Assim como você apareceu na minha vida, da mesma forma você se foi. Sem complicações. Deixou saudade mas sem vontade de continuação. Foi um filme completo. Um romance completo e incrível. Janeiro de 2015

Delírio

Me perdoe pelos últimos dias, em que tenho sido irresponsável, descomprometida, desleixada com a nossa relação. Tenho sido infiel aos meus sentimentos e relapsa com os sentimentos teus. Uma grande infelicidade se apossou de mim, ao perceber, finalmente perceber, o caminho de autodestruição que eu tenho insistido em seguir. Minha auto destruição é destruir o que mais prezo hoje no mundo, minha relação com você. Desculpe essa forma tosca com que tenho me comportado, a forma grotesca com que tenho lhe tratado.Perdi o controle da minha vida, justamente por tentar tê-lo completamente, por tentar entrar em um mundo do qual não faço parte, tentar ter o máximo de uma vida supérflua e irreal. Você é a roupa que veste o meu corpo, você está na paredes do meu quarto, o seu cheiro está impregnado nas minhas roupas, nos meus cabelos, seu afago me é tão vital... Como posso eu depois de tanto descaso, expressar o quanto você é especial para mim, eu não te compararia ao ar, pois sem ele morreria in...

A dança da psiquê - Augusto dos Anjo

A dança dos encéfalos acesos Começa. A carne é fogo. A alma arde. A espaços As cabeças, as mãos, os pés e os braços Tombara, cedendo à ação de ignotos pesos! É então que a vaga dos instintos presos — Mãe de esterilidades e cansaços — Atira os pensamentos mais devassos Contra os ossos cranianos indefesos. Subitamente a cerebral coréa Pára. O cosmos sintético da ideia Surge. Emoções extraordinárias sinto… Arranco do meu crânio as nebulosas. E acho um feixe de forças prodigiosas Sustentando dois monstros: a alma e o instinto!

25-11-10

Já perdi as contas de quantas vezes quis me matar. Quantos os momento em que a vida me pareceu nada.  Em que a frustração por mim e pelos outros foi tão intensa e desgastante que o existir se tornou um fardo mais pesado do que eu posso suportar. Todas as vezes que sinto esse enorme, diria eu, desconforto, me controlo pois sei que passará. Mas o pior é descobrir que sentimentos reprimidos voltam a nos assolar e que no dia seguinte sentirei a mesma vontade. Já se tornou banal as minhas crises existenciais e a minha insatisfação, hoje um pouco mais amena que no passado, quando meus pensamentos ainda eram confusos e infantis. Todos os dias como um djavu me questiono se isso vai passar, quando eu alcançar o que hoje almejo. E cheguei a constatação que jamais isso cessará. Hoje estou um pouco mais conformada com tais previsões, não que isso amenize a dor em forma de angústia que se abriga em meu peito, que me impede de desfrutar mais momentos de alegria... Se não fosse eu, acaso da na...